O segundo dia da Semana de Turismo apresentou mais painéis focados na discussão sobre novas perspectivas para o segmento na região de Bagé. As palestras e debates acontecem no Palacete Pedro Osório e o evento é de caráter inédito na história do município.
O primeiro painel teve como enfoque o turismo rural. O economista e empreendedor na área do enogastroolivoturismo, Eduardo Palmeira, explicou os potenciais atuais que a diversificação da matriz produtiva, em especial, com o avanço do cultivo da oliveira trouxe para a região do Pampa. Além da olivicultura, Palmeira mencionou o quanto o cultivo de uvas para produção de vinhos finos e de azeitonas para criação de azeites de oliva extravirgem trouxeram novas oportunidades de negócio para o segmento turístico. A união da gastronomia típica da região, com a vitivinicultura e a olivicultura proporciona, segundo Palmeira, não só, além de alternativa de renda, também permite o fomento ao turismo rural, além de ressaltar a identidade territorial da região.
Exemplos de turismo rural desenvolvidos no Alegrete
Em seguida, a secretaria de Turismo Caroline Figueiredo e o diretor de Turismo do Alegrete, Leonardo Cera, apresentaram o programa de turismo rural realizado no município. Em sua fala, Caroline ressaltou a importância de compreender o turismo rural como ferramenta para posicionamento das cidades da região da Campanha e Fronteira Oeste. "O turismo no Rio Grande do Sul não pode ser visualizado apenas como o que é desenvolvido na Serra gaúcha. Tudo naquela região é maravilhoso, mas não é uma cultura propriamente gaúcha. A nossa identidade está no Pampa gaúcho, aqui em Bagé, no Alegrete, em Uruguaiana", enfatizou Caroline.
Já Leonardo Cera detalhou algumas das ações desenvolvidas. "Para sensibilizar muitos dos produtores rurais do Alegrete a compreender que podem trabalhar, os seus negócios e as propriedades, também pelo viés do turismo rural, realizamos missões técnicas e cursos de sensibilização, entre outras iniciativas", relatou Cera. O ecoturismo e o turismo de aventura foram alguns dos exemplos citados pelo palestrante como atividades já realizadas por empreendedores rurais do Alegrete.
Turismo religioso
O segundo painel da manhã abordou a temática do turismo religioso e teve como enfoque as religiões de matriz africana, com os painelistas Sanny Figueiredo e Flávio Adriano Cardoso Morales Júnior.
Morales Júnior, também conhecido como Pai Flávio de Xangô, divulgou ações como o primeiro encontro de quimbandeiros de Bagé que mobilizou milhares de pessoas na cidade no mês de abril, com participação de integrantes de casas de religião de diversas regiões do Rio Grande do Sul e até do Uruguai. “Precisamos proporcionar que as casas de religião, que os terreiros, sejam mais divulgados, pois eles estão abertos para quem deseja visitar e conhecer os cultos. Dessa forma, podemos vender como potencial turístico, o que envolve a religião”, salientou Morales Júnior, que foi o organizador do evento.
Sanny, que é diretora do Departamento da Igualdade Étnico-Racial do Governo do Estado do RS, parabenizou Bagé por realizar um evento sobre turismo em que um dos debates aborda o segmento religioso. Sanny reforça que cada município gaúcho pode trabalhar com o turismo étnico e religioso porque isso já integra a história e a cultura do local. “Os municípios já trabalham com esse tipo do turismo, pois já têm suas comunidades e suas festas da matriz religiosa. De certa forma, de âmbito micro, já ocorre esse tipo de divulgação, muitas pessoas vêm de fora, gerando um comércio grande além do mercado religioso. E isso precisamos aproveitar e potencializar isso”, comentou.
Troca de experiências para fomento ao setor
Ao longo da quinta-feira foram apresentados ainda os temas sobre turismo sob o viés judaico-cristã e sua influência para o patrimônio arquitetônico de Bagé; o turismo receptivo e de experiência; turismo patrimonial, com abordagem em educação patrimonial, turismo pedagógico e lidas campeiras.
A secretária de Turismo, Aliana Da Croce, apontou a necessidade de consolidar os diversos aspectos que envolvem o segmento para o desenvolvimento econômico e social de Bagé. “Eventos como a Semana de Turismo permitem que possamos discutir e trocar experiências sobre alternativas para o fomento do turismo. O que precisamos é trabalhar os nossos potenciais para podermos vender e conquistar cada vez mais turistas”, ponderou.
As atividades da Semana de Turismo 2023 prosseguem na manhã desta sexta-feira (27), com mais debates e lançamentos de eventos do calendário de Bagé.