Bacharela em Relações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria, a artista visual Marcela Meirelles é o nome escolhido pelo prefeito Luiz Fernando Mainardi para estar à frente da Direção da Casa de Cultura Pedro Wayne. Ela é a primeira mulher trans a assumir um cargo de direção cultural no executivo de Bagé.
Para o secretário de Cultura Zeca Brito, a nomeação de Marcela por si só é um feito histórico na mais tradicional Casa de Cultura do Rio Grande do Sul. “A Pedro Wayne foi a primeira Casa de Cultura do Estado, inaugurada três anos antes da Mário Quintana, em Porto Alegre. A casa vive uma nova página de arte e diversidade em Bagé; novos tempos exigem novas conquistas para a sociedade. Marcela representa tudo isso”, destaca Brito.
Marcela Meirelles iniciou sua trajetória profissional em Santa Maria, onde trabalhou como produtora executiva responsável por vários projetos culturais, desenvolvidos não somente no município, mas por todo o estado e também fora dele. Entre eles, destaca-se o Lâmpada Mágica por ser um dos primeiros projetos de circulação de espetáculos gaúchos pelo interior do Rio Grande do Sul.
Durante sua atuação na área cultural, trabalhou com grandes nomes da dramaturgia nacional como Paulo Autran, Nathalia Timberg, Tônia Carrero, Vera Fischer, Elizabeth Savala, Sérgio Britto, Tony Ramos, Regina Braga, entre tantos outros. No cenário musical, colaborou com Marisa Monte, Titãs, Cidade Negra e Sumi Jo.
Quando fixou residência em Porto Alegre, iniciou seus trabalhos com o grupo Depósito de Teatro e, posteriormente, como parte da equipe da Telúrica Produções.
Após um breve período de afastamento por conta de sua cirurgia de redesignação sexual, enfrentou desafios para se inserir novamente no mercado de trabalho e acabou assumindo um projeto social desenvolvido por uma rede do varejo. Dali, foi promovida a um cargo de supervisão nessa mesma rede, onde permaneceu até retornar para Bagé. Depois de 25 anos longe, teve de se adaptar novamente a uma vida mais tranquila e a uma cidade com suas peculiaridades e seus costumes.
Foi então que a arte entrou novamente em sua vida e a fez reviver e experimentar um antigo sonho que tinha desde criança. Ficou rapidamente conhecida entre os artistas e começou a mostrar seus trabalhos em exposições individuais e coletivas na cidade, no estado e em outros locais do Brasil.
Dedicada quase exclusivamente à arte, tem desenvolvido técnicas e linguagens autorais. Marcela Meirelles destaca que “um dos principais objetivos como diretora é fazer com que toda a comunidade bageense passe a frequentar a Casa de Cultura Pedro Wayne. Pretendo torná-la um espaço mais inclusivo e acolhedor, onde as pessoas possam conhecer, refletir, sentir e debater sobre as artes e os artistas locais.”
Em sua primeira curadoria na Casa de Cultura, nos dias 29 e 30 de janeiro, a diretora prepara uma exposição que marcará o Dia da Visibilidade Trans, celebrando existências e saberes de artistas locais transgêneros.