A Prefeitura de Bagé e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) deram início ao processo de atualização do Inventário Cultural e Patrimonial do município, elaborado originalmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2009. A iniciativa tem prazo de vigência de dois anos, conforme acordo firmado entre as instituições, mas o município projeta a conclusão em cerca de 300 dias.
O encontro de lançamento ocorreu de forma virtual, reunindo representantes na sede da Prefeitura e na sede do Iphae, e contou com a presença da arquiteta Lisandra Weiler e do historiador Rafael Finger, pelo órgão estadual, além dos arquitetos Márlon Lameira e Sandro Martinez, pelo Executivo Municipal.
A atualização contemplará todo o território de Bagé, abrangendo tanto áreas urbanas quanto rurais, e incluindo patrimônio material, como edificações históricas, praças, monumentos e paisagens culturais, e patrimônio imaterial, como festas populares, tradições religiosas, manifestações artísticas e referências simbólicas.
Na primeira fase será realizado o levantamento dos bens imóveis do centro histórico, subsidiando a revisão das legislações de patrimônio. Todo o processo seguirá a metodologia do Iphae, garantindo rigor técnico, padronização e uniformidade.
De acordo com o coordenador de patrimônio e obras privadas, Márlon Lameira, a atualização do inventário é uma etapa essencial para que a fiscalização e as intervenções no tecido urbano sejam orientadas por informações precisas e atuais. “Isso garante que o desenvolvimento da cidade ocorra em harmonia com a preservação de seus valores culturais e históricos”, afirmou.
Já o arquiteto e fiscal de obras, Sandro Martinez, destaca que, mais do que atualizar dados, a iniciativa convida a revisitar a história de Bagé, reconhecer o que identifica a todos como comunidade e registrar o que deve ser preservado para as próximas gerações. ”Ao unir experiência técnica e pesquisa acadêmica, buscamos que o inventário reflita, com fidelidade e profundidade, a riqueza e a diversidade do patrimônio bageense, não apenas em seus edifícios e espaços, mas também nas práticas, memórias e significados que dão vida à cidade e ao campo", disse.
A secretária de Gestão, Planejamento e Captação de Recursos, Júlia Reschke, reforçou o caráter estratégico da ação. “O inventário atualizado nos dará uma base sólida para orientar políticas públicas, atrair investimentos e qualificar o planejamento urbano e rural. É uma ação que valoriza nosso território como um todo, reforça nossa identidade cultural e coloca Bagé em posição de destaque no cenário nacional da preservação.”
A execução ficará a cargo de uma equipe multidisciplinar, envolvendo arquitetos, engenheiros, historiadores, antropólogos e sociólogos. Estão previstas atividades como padronização de fichas técnicas, levantamentos in loco, pesquisas bibliográficas e documentais, além da inclusão de novos bens e manifestações culturais indicados por especialistas e pela comunidade.
A iniciativa também prevê a difusão dos resultados em escolas, museus, centros culturais e meios digitais, promovendo a educação patrimonial e o envolvimento da sociedade. A proposta busca fortalecer o sentimento de pertencimento e estimular a participação social no processo.
Ainda segundo a titular da Geplan, o inventário atualizado será um instrumento estratégico para preservação, fiscalização, planejamento e valorização cultural. “O processo ganha ainda mais relevância diante do recente reconhecimento de Bagé como município turístico pelo Ministério do Turismo, reforçando a importância de qualificar a gestão cultural e urbana”, atestou.