Uma iniciativa pioneira em Bagé, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult) lança o projeto piloto “Pra Cego Ver na Cultura”, que oferece conteúdos históricos e arquitetônicos em audiodescrição para pessoas com deficiência visual. A ação teve sua estreia no Palacete Pedro Osório e também pode ser acessada por qualquer visitante, por meio de QR Codes instalados no local, via celular.
O projeto, liderado pela equipe de funcionários da Galeria Edmundo Rodrigues, situada no Palacete, reúne conhecimentos históricos através de um memorial descritivo, que apresenta aspectos técnicos da arquitetura e os principais fatos históricos ocorridos no prédio.
A pesquisa histórica foi realizada em colaboração com servidores da Secult e da Secretaria de Educação e Formação Profissional (Smed), e contou com o apoio da Associação dos Amigos do Imba (AMIMBA), através do projeto de acessibilidade da entidade.
A organização textual e a produção foram assinadas pela servidora e arte-educadora Zenab El Hatal, com pesquisa histórica do historiador e servidor da Secult, Diones Franchi, responsável pelos personagens e fatos. As arquitetas da Smed, Marília Barbosa e Neneca Saavedra foram responsáveis pela descrição técnica e pesquisa arquitetônica. A locução do conteúdo foi realizada pelo ator e radialista Cláudio Garcia.
O prefeito Luiz Fernando Mainardi destacou o projeto como um marco na construção de uma política cultural mais acessível e inclusiva em Bagé, além de ser um gesto de respeito e valorização do patrimônio. “Acreditamos que cultura é um direito de todos. Tornar nossos espaços acessíveis é um passo fundamental para construir uma cidade mais justa, que valoriza sua história”, afirma.
“Este projeto nos emociona, envolve muitas pessoas com o propósito da inclusão, dará uma possibilidade única de imersão e acessibilidade ao nosso patrimônio histórico para pessoas cegas, além de ser um importante instrumento de educação patrimonial para toda a população”, destaca o Secretário de Cultura, Zeca Brito.
O projeto piloto deve ser expandido para os outros equipamentos culturais da cidade, ainda no segundo semestre. A audiodescrição busca salientar aspectos visuais, destacando cores, volumes e texturas, além de trazer informações históricas.
“Penso que a cultura é um direito de todos, e a acessibilidade é o caminho para garantir o pleno direito de participar da vida cultural. Afinal, a arte não tem barreiras”, comenta a arte-educadora Zenab El Hatal.
O Palacete foi construído em 1901, em estilo eclético, com projeto importado da Europa. Seu primeiro proprietário, o médico Pedro Osório, hoje dá nome ao prédio.