A magia da Feira do Livro está de volta à Praça de Esportes. Após ter edições realizadas em outros espaços do Município, o principal evento de cultura de Bagé retornou à Praça de Esportes, local que recebeu diversas melhorias estruturais que iam da iluminação, banheiros até a revitalização da concha acústica, entre outros.
Na primeira atividade da noite, ocorreu no palco principal a Mesa de Debates “As Fronteiras da Literatura, da Prosa à Poesia”, com o patrono Valdomiro Martins, o escritor Breno Serafini, o cantor Nei Lisboa, tendo como mediadora Mariana Abascal, onde discutiu-se o processo criativo para produção não só das obras literárias dos escritores, mas também das composições musicais de Nei Lisboa.
Valdomiro Martins reforçou a importância de ser o primeiro autor negro a ser patrono da Feira do Livro de Bagé. “Esse é o maior reconhecimento que tive até hoje. Reconhecimento de sua própria cidade é a maior honraria para um escritor em vida. Ser o primeiro patrono é uma grande responsabilidade; cria-se um marco histórico. No entanto, gostaríamos que essa diversidade, seja com as mulheres, com os negros, fosse uma constante em nosso país, algo mais equilibrado. Mas me sinto muito honrado com esta menção e também concede a mim uma grande responsabilidade”, comentou Martins.
Serafini destacou que em sua produção literária o exercício da criatividade permite trabalhar com uma série de temas. “Há diversas óticas para se trabalhar, incluindo uma abordagem que faça o leitor pensar e refletir para tentar mudar as coisas. Por isso, me interessa muito, em minha produção, os temas que nos fazem pensar. Luís Fernando Veríssimo é um exemplo desse modelo de autor. Ele toca em assuntos do cotidiano com uma grande profundidade e ao mesmo tempo uma leveza”, destacou o escritor.
Já Nei Lisboa foi questionado por Mariana sobre a forma de uma canção como “Baladas” em que há uma observação sobre a própria finitude. O compositor ressaltou que em sua produção musical há uma mistura não só de suas experiências de vida com o que observa do cotidiano e da própria sociedade. “Canções como essa contam com um desejo que é compartilhado por muita gente. O pessoal canta o refrão dela com muita vontade e, ironicamente, parece até uma forma bonita de se morrer”, brincou o músico.
Após o debate, na concha acústica, ocorreu o lançamento com sessão de autógrafos do livro “O Negro da Casa”, do patrono Valdomiro Martins. Em seguida ocorreu no palco principal a apresentação do curta-metragem “As vozes e suas respostas”, do Ecoarte.
A última atividade da noite foi a apresentação musical de Nei Lisboa. Acompanhado por sua banda, o músico gaúcho trouxe uma série de composições musicais de seus mais de 40 anos de carreira. O público, em bom número, prestigiou e cantou os versos de canções como “Pra viajar no cosmos não precisa gasolina”; “Verão em Calcutá”; “E a revolução”; “Pra te lembrar”; “Faxineira”, entre outras.
A programação da 27ª Feira do Livro prossegue com inúmeras atrações até o próximo domingo, dia 26.