Na última quarta-feira (25/06), foi realizada no Plenário Lígia Almeida, da Câmara de Vereadores de Bagé, uma plenária pública com o objetivo de elencar propostas para a elaboração do novo Plano Municipal de Saúde. A atividade reuniu 70 participantes, entre autoridades, profissionais da saúde e representantes da comunidade, e teve como destaque a palestra da enfermeira e consultora em gestão pública Maria Carolina Pinheiro, que abordou o tema “Controle Social: Histórico, Fundamentos Legais e o Papel dos Conselhos de Saúde”.
A plenária foi conduzida pela técnica de enfermagem Juliani Morais dos Santos, da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), com composição de mesa por representantes do Conselho Municipal de Saúde, da Câmara de Vereadores, da Secretaria Municipal de Saúde, da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde, entre outros órgãos.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Milton Brasil, enfatizou que o evento foi uma oportunidade para que todos pudessem exercer os seus direitos destacando suas demandas em torno de vários temas. “Quem não participou perdeu a oportunidade de ir até lá e reivindicar. Não adianta depois ficar apenas nos meios sociais e criticar. Tem que vir para dentro da conferência, fazer sua crítica construtiva, para que possamos melhorar a nossa saúde”, salientou Brasil.
Demandas elencadas
Durante o evento, foram apresentados os resultados do questionário online que colheu a opinião da população sobre as prioridades na área da saúde. Ao todo, foram 341 formulários respondidos, cujos dados subsidiaram as propostas discutidas.
Na atenção primária, as principais demandas foram a manutenção de equipes completas nas UBSs, melhorias estruturais nas unidades, ampliação da oferta de exames, ações de vigilância em saúde e implantação de equipes multiprofissionais (EMulti).
Já na atenção especializada, destacou-se a urgência em estruturar núcleos de regulação para reduzir filas de espera e qualificar a oferta de especialistas. As especialidades mais requisitadas incluem neurologia, psiquiatria, traumatologia, cardiologia e psicologia.
A população também reivindicou a ampliação da oferta de exames como ressonância, tomografia, ecocardiograma e endoscopia, além de um centro de atendimento para ISTs, HIV, hepatites e tuberculose.
No que diz respeito à urgência e emergência, 53,9% dos participantes avaliaram o atendimento da UPA e Pronto Socorro como insatisfatório, destacando a necessidade de reduzir o tempo de espera. Entre as propostas, está a implantação de uma farmácia 24 horas junto à UPA — projeto que, segundo a secretária municipal de Saúde, Terezinha Ricaldone, já está em fase de execução.
"Esse momento de escuta foi fundamental para reafirmarmos o compromisso com uma saúde pública mais eficiente, acolhedora e acessível. O envolvimento da comunidade mostra que estamos no caminho certo, com diálogo, planejamento e ações concretas. Ficamos muito felizes em perceber que a maioria das demandas levadas pela população já estão sendo providenciadas, mesmo antes da publicação dos questionários inscritos na 9ª Conferência Municipal de Saúde”, afirmou Terezinha Ricaldone.
Demais propostas
A plenária também trouxe propostas para fortalecer o cuidado com populações em situação de rua; LGBTQIAPN+; trabalhadores da saúde, além de solicitações por um Centro de Reumatologia, retorno do ônibus para Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e a criação de um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).
O evento representa um passo importante na construção coletiva das políticas de saúde em Bagé, fortalecendo o controle social e a participação cidadã no Sistema Único de Saúde (SUS).