Instituto atesta fundamentos patrimoniais que vinculam o município às origens missioneiras do Estado, abrindo caminho para participação nas comemorações dos 400 anos das Missões Jesuíticas
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) reconheceu que Bagé possui fundamentos históricos e patrimoniais que a ligam diretamente ao período das Missões Jesuíticas, o que justifica sua inclusão nas comemorações dos 400 anos das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul.
O reconhecimento foi emitido a partir de uma solicitação da Prefeitura de Bagé, por meio da Secretaria de Cultura, e destaca que o território bageense tem origens relacionadas ao antigo posto de Santa Tecla, uma estância missioneira vinculada à redução de São Miguel, capital dos Sete Povos das Missões, fundada em 1632.
De acordo com a análise do Iphae, divulgada através do Parecer nº 005/2025, “a ocupação do território do atual município de Bagé, ao longo da colonização europeia do território gaúcho, está atrelada ao desenvolvimento das Missões Jesuíticas”. O texto acrescenta ainda que, por essa razão, “é plausível a inclusão do município nas comemorações dos 400 anos das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul”.
O Iphae resgata em sua análise o papel histórico do posto de Santa Tecla, fundado como estância missioneira e, posteriormente, transformado em forte militar espanhol em 1774, destruído dois anos depois pelas forças portuguesas de Rafael Pinto Bandeira. A região, por sua localização estratégica entre as coxilhas, foi cenário de disputas entre espanhóis e portugueses e contribuiu para a fixação das fronteiras do sul do país.
Ainda conforme o parecer, a fundação de Bagé, em 1811, pelo governador D. Diogo de Souza, teve origem no Acampamento Militar instalado nas proximidades da antiga Guarda de São Sebastião, herdeira dessa ocupação missioneira.
O instituto reforça que o conceito de “região”, no âmbito das políticas culturais e geográficas, deve ser entendido de forma “não estática, mas elaborada conforme o objetivo atribuído à regionalização”, o que permite reconhecer o papel de Bagé na herança missioneira do Rio Grande do Sul.
Para o secretário municipal de Cultura, Zeca Brito, o reconhecimento representa um avanço importante. “Esse reconhecimento é um passo importantíssimo para nossa história. Além do significado simbólico, este parecer nos dá a possibilidade de reivindicar investimentos para o desenvolvimento turístico da região e da inclusão do município nas comemorações dos 400 anos das missões”, explica o secretário.
O reconhecimento emitido pelo Iphae representa um avanço importante no processo de inserção de Bagé nas comemorações dos 400 anos das Missões Jesuíticas. A Prefeitura aguarda o retorno do Governo do Estado sobre o pedido de inclusão do município nas celebrações, e o documento fornecido pelo Instituto serve como base técnica e histórica para fortalecer esse pleito. Embora não garanta a participação imediata de Bagé, o reconhecimento coloca o município um passo à frente na região, aproximando-o das comemorações e abrindo caminho para a busca de novos investimentos voltados ao turismo cultural e à preservação patrimonial.